Round 6 na vida real (sem as mortes)

Sucesso de audiência desde sua estreia em setembro deste ano, Round 6 — ou Squid Game, em seu nome original — é um seriado com suspense, ação e pitadas de comédia que vem tomando vários espectadores da Netflix. O enredo do seriado trata de um jogo no qual vários competidores devem brincar em jogos infantis para concorrer a um grande prêmio em dinheiro: o problema é que quem for eliminado nos jogos acaba morrendo. O youtuber MrBeast foi o responsável por fazer essa adaptação do seriado para a vida real. Juntando 456 pessoas para a realização dos jogos, o produtor de conteúdo fez um vídeo compilando os jogos, postado no seu próprio canal do YouTube, que atualmente está com 113 milhões de visualizações.

Proposta e construção

No seriado, as pessoas estão competindo — com risco de morte envolvido — por alguns milhões de reais, chegando a ultrapassar o valor de R$ 200 milhões. Já na versão de MrBeast, o prêmio final foi de US$ 456.000, algo em torno de R$ 2.500.000. Todos os cenários vistos no seriado foram reproduzidos da maneira mais fiel possível, incluindo as vielas, a ponte quebradiça e a plataforma para o cabo de guerra. Tudo começou a ser produzido em meados de outubro, levando cerca de um mês para a conclusão das montagens e início do programa. De acordo com informações do próprio youtuber, a produção do Round 6 na vida real custou mais de US$ 3,5 milhões. Pelo menos a Batatinha Frita 1, 2, 3 dessa vez foi mais amigável, hein?

Notre-Dame e sua reconstrução

Em abril de 2019, a antiga e famosa catedral de Notre-Dame, em Paris, sofreu um incêndio que acabou afetando o teto, rosáceas e agulha, resultando em diversos danos à estrutura. Pouco tempo depois, especulou-se sobre um possível uso de um modelo da catedral em 3D, advindo do game Assassin’s Creed Unity, de 2014. O rumor, no entanto, revelou não corresponder à verdade. A Notre-Dame que existiu durante a Revolução Francesa seria irreconhecível para nós hoje. As gárgulas originais foram removidas por volta de 1726. Os vitrais da nave foram substituídos por vidros brancos — para iluminar melhor o interior — na década de 1750. A Ubisoft, empresa responsável pelo jogo, afirmou ter doado € 500,000 para ajudar na reconstrução, bem como afirmou que ficariam muito gratos se pudessem ajudar de outras maneiras, caso necessário. Ou seja, infelizmente a reprodução de Notre-Dame do jogo não poderia ser utilizado de forma idônea para a reconstrução da catedral.

Qual o nível de similaridade, então?

Bom, por mais que a catedral de Notre-Dame de Paris em Assassin’s Creed Unity seja bastante semelhante ao que a construção fora, na época, ainda assim não é uma réplica idêntica. Esse é um dos primeiros fatores apontados para que o modelo do jogo não possa ter sido usado como base para a reconstrução do edifício. Essas adaptações da catedral para o jogo são levadas em consideração principalmente pela proposta do jogo, que trata de muito parkour mas também assassinatos e furtividade, incluindo nivelamentos diferentes, um obstáculo ou outro que não existiam de fato em Notre-Dame, entre outros detalhes estéticos, como estátuas e vitrais. Outro aspecto deve ser levado em consideração: direitos autorais. Apesar da alta similaridade da realidade como jogo, nenhuma das esculturas vistas dentro de Assassin’s Creed Unity é idêntica ao que há na catedral. Muito disso se dá pelas leis francesas sobre direitos autorais. O exemplo perfeito para isso é o da Torre Eiffel, pela qual foi construída em 1889, porém, foi apenas cem anos depois que o monumento recebeu suas famosas luzes, presentes até os dias atuais. Entretanto, para reproduções da Torre Eiffel iluminada em outras mídias, é necessário solicitação de licença, pois esta está sob proteção intelectual. Intrigante, não é?

Modelos profissionais por historiadores

Apesar da versão bastante similar em Assassin’s Creed Unity, a reconstrução da catedral de Notre-Dame ainda precisa de um modelo ainda mais preciso e fiel, por isso alguns outros setores de artes e história também estão envolvidos no projeto. O historiador da arte Andrew Tallon já passou alguns anos, antes do incêndio, escaneando a estrutura para projetar sua versão da catedral, que tem mais chances de ser usada em sua reconstrução. E antes dele, outro historiador chamado Stephan Albrecht também já fazia esse tipo de rastreamento para que ele, com sua equipe, pudessem fazer o seu próprio modelo da catedral. É muito difícil fazer um procedimento dessa magnitude, mas com toda essa ajuda, com certeza Notre-Dame será novamente referência em engenharia e arquitetura.

Interferências na reprodução dentro do jogo

A torre da agulha original da catedral de Notre-Dame foi construída em madeira e, quando a revolução começou, estava em péssimas condições. Depois de inúmeras tentativas de descobrir o que estava acontecendo de errado, ela foi finalmente demolida na década de 1790, algo que provavelmente aconteceu dentro do período de tempo em que o jogo Assassin’s Creed Unity se passa. Como trata-se de uma catedral que há séculos representa muita espiritualidade e história, uma das grandes inspirações para Caroline Miousse foi justamente a parte emocional que gira em torno da catedral de Notre-Dame. A artista tentou transparecer muito do que pode ser sentido por quem já frequentou o local em sua reprodução virtual em Assassin’s Creed Unity, característica que, por mais que seja um jogo de ação, está altamente presente na catedral. O diretor de arte do game, Mohamed Gambouz, endossou a afirmação da artista dizendo que, mesmo se tratando de um jogo, até mesmo esses detalhes que não podem ser exatamente retratados também devem ser considerados para uma fiel reprodução.

Olho protético impresso em 3D

As impressoras 3D estão dominando a área da tecnologia como um todo, principalmente no que tange a arquitetura e arte, mas as inovações não param por aí. Recentemente, um paciente foi submetido a um procedimento de adaptação a uma prótese de olho concebida através de uma impressora 3D. Semelhante a qualquer outra prótese ocular, essa é inovadora quando nos referimos à rapidez na entrega: o que antes demoraria cerca de um mês e meio para ser entregue, com essa nova tecnologia agora é possível ter olhos protéticos em duas a três semanas. Steve Varze teve seu novo olho protético em 3D entregue pelo Moorfields Eye Hospital, situado em Londres, através do serviço público de saúde. O procedimento, que costuma demorar duas horas para a modelagem e encaixe do olho mais todos os acabemos aos pacientes, agora é resumido para meia hora com o novo modelo de prótese impresso em 3D.

Benefícios e o futuro

Como visto, a maior vantagem sobre esses modelos de olhos protéticos em 3D é justamente o tempo de sua construção e a também redução de tempo sobre o procedimento de encaixe do olho no paciente. O professor Mandeep Sagoo, de oftalmologia de Moorfields Eye Hospital diz estar empolgado com o resultado apresentado e que tem bastante esperança de que no futuro esse modelo possa servir de base para um possível modelo completamente digital. Próteses oculares ajudam milhões de pessoas no mundo, e com essa nova tecnologia, a facilidade em entregar uma qualidade de vida melhor está cada vez mais próxima.

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Confira o nosso último Showmetech TRIO, que fala, entre outros assuntos, sobre um robô marítimo muito similar ao Wall-E, confira! Fonte: Mashable, Polygon e Interesting Engineering.

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