Vale à pena investir nesta novidade, pensando que o primeiro GT foi lançado há pouco tempo por aqui? E, mais importante: como ele se destaca em relação à concorrência? É isso que apresentaremos de forma completa neste review.
Estética e durabilidade
Há dois tamanhos de tela: 46mm e 42mm. Testamos o primeiro, que se diferencia não só pelo diâmetro, mas também pelo acabamento com marcador de 0-24 horas. A tela AMOLED de 1.39″ é de tirar o fôlego. Se você já está acostumado a usar algum outro relógio esportivo inteligente, por mais que seja de uma outra fabricante, garantimos que a qualidade da tela do GT 2 vai te impressionar. Mesmo contra o sol, o display é visível sem esforço. Como um todo, o relógio da Huawei é bem mais leve do que parece: sem a pulseira, o modelo de 46 mm pesa 41g e a versão de 42 mm, 29 g. As proporções são ideais para prática de exercícios e uso na rotina, sem atrapalhar. No Brasil, só tivemos a versão Sport (pulseira fluorelastômero preta ou laranja), enquanto em terras gringas há a versão de couro e metal. A pulseira é extremamente confortável e os ajustes com bordas arredondadas não beliscam a pele de forma alguma, o que ajuda muito na tarefa de não incomodar ao levá-lo para a cama – discutiremos isso em detalhes ao falar sobre o uso do GT 2 na rotina. A pulseira também pode ser trocada bem fácil: é só uma pequena trava de cada lado. O visor é “vidro 3D“, de acordo com a fabricante, e foi “esculpido pela tecnologia de processamento de pedras preciosas o torna durável e resistente à água e à poeira“. Falando em resistência à água, ele sobrevive a até 50 metros abaixo da superfície. Nos próprios treinos disponíveis no relógio da Huawei, vemos a opção de natação, então não é surpresa a alta qualidade dos materiais. Quatro dos mostradores vindos de fábrica são abertos a personalização (via relógio), logo, você tem como trocar as miniaturas de rastreadores se quer visualizar rapidamente “passos dados” ao invés de “batimento cardíaco”, por exemplo. Os mostradores inclusos são bem refinados, se adequando bem aos seus gostos e perfis, sendo um bom casamento à elegância do produto como um todo. Ao falar de “durabilidade”, outro ponto interessante é a duração da bateria, que com certeza é um ponto-chave aos que estão à procura de um smartwatch, e é isso que destacaremos a seguir. Spoiler: ela também é fora do comum.
Bateria
Um dos maiores destaques do relógio (e o que mais me impressionou) foi a duração bateria. Após recarregá-la por completo, utilizei o GT 2 por cerca de 6 horas com o Bluetooth ligado, checando o horário e funções ocasionalmente, e ela ainda se manteve em 100%. Na manhã seguinte, chequei e havia drenado somente 2%, como mostrado na imagem a seguir. Na área de especificações do site deles, a duração oficial da bateria de 455 mAh é “14 dias para uso comum“, mas afirmamos que pode durar muito mais. Nos nossos testes, a bateria acabou somente uma vez. Em uso convencional de rotina, o relógio gastou 40% em cerca de 10 dias. Com GPS e Bluetooth ligados, conectando o aparelho da Huawei ao smartphone, a bateria é drenada um pouco mais rápido: 5 dias inteiros (120 horas), com a tela ligada o tempo todo e medidores de BPM/passos/estresse ativos. Uma evolução do modelo anterior é a função “always on display”, pois a tela pode ser ativada para ficar ligada por até 20 minutos seguidos. Outra opção é ativar um preset de bloqueio, com mostradores limitados, então pode ser que sua tela bloqueada seja diferente do design que você mais gostar, de forma bem óbvia. Com a conexão no USB (tipo A – tipo C) do notebook, ela recarregou 3% por minuto. Ou seja, a bateria chega a 100% em meia hora. Isso é ótimo para o caso de você conetá-lo de última hora e poder utilizar por vários dias sem se preocupar. A base magnética de carregamento se encaixa na base do relógio em um ângulo bem específico (mas é só pegar o jeito que não há problemas), se conectando ao dispositivo/powerbank desejado.
Aplicativo e conectividade
Ao ligar pela primeira vez o relógio, ele já apareceu como dispositivo Bluetooth no celular, sem maiores complicações. Para parear e funcionar propriamente, foi necessário baixar o app Huawei Health, companheiro que está disponível para Android e iOS (testamos no primeiro sistema operacional). Depois de abrir o Health, houve a instrução de baixar mais app chamado “Serviço Móveis Huawei” (sim, com erro gramatical de tradução). O login foi fácil, via número de celular para verificação, e o seu HUAWEI ID é gerado de acordo com seu email de escolha e link com Facebook ou Gmail. Todo o procedimento é bem útil para te ajudar a ficar por dentro dos seus status e aperfeiçoar seus treinos, mesmo que você troque de dispositivo – seja smartphone ou smartwatch. Mesmo que, particularmente, não tenha testado, pela aba te SAC deles é afirmado que o tal app também funciona lidando com “dados de smartphones e wearables de terceiros“, não somente os exclusivos da Huawei. Pela interface ser bastante user-friendly, fica a recomendação para você que já tem um smartwatch. Falando sobre a relação relógio-celular, é tudo feito de forma automática (ambos são atualizados quando liga-se o Bluetooth do smartphone). Mesmo não mostrando emojis, ao abrir a tela de notificações do GT 2 você verá até aquelas que você já tiver dispensado do seu celular. É possível limpar e excluir todas simultaneamente no relógio, sem ter como interagir com cada uma delas (somente leitura). Ao alterar um mostrador via app, que conta com uma biblioteca bem maior que os inclusos de fábrica, você consegue escolher seus favoritos e eles serão baixados direto no GT 2. Se mudar o padrão via Health, o padrão do relógio muda instantaneamente. Porém, na relação de mostradores entre app e o próprio smartwatch há um leve contraste. O GT 2 é bem seletivo ao traduzir os mostradores do dispositivo, como ele escolheu “velocimeter” (velocímetro) e ignorou a tradução de “explorer“. Em outras ocasiões, a tradução literal no aplicativo também pode ser bem engraçada em algumas instâncias. Por exemplo: na área de contagem de passos, há o medidor “61 etapas” (do original “steps“), que em inglês também significa passos – mas escolheram a tradução errada.
Funções dignas de relógio inteligente
O smartwatch possui dois botões físicos. Ao apertar o botão superior, há uma série de funções à parte das padrões de treino que (pasme!) aproximam o GT 2 de um relógio digital. São as coisas que você mais deseja, como cronômetro, temporizador e alarme, e algumas mais diferenciadas, como barômetro, bússola e até lanterna. Nessa última aplicação, a tela fica toda branca e ilumina bem pouco, mesmo com reajuste de brilho – e podemos admitir que acaba sendo bem inútil. O botão inferior, por sua vez, pode ser programado para servir como atalho a um dos apps internos. Na rotina, alternei entre relaxamento e monitoramento de sono e não me arrependi. A maioria das funções são meramente curiosas ao usuário de relógios que está acostumado a rastrear tudo pelo celular, sendo um prato cheio só a quem sente falta de um wearable de respeito ao fazer caminhadas. Ou àqueles cuja profissão é ficar ligado na atual pressão atmosférica.
Uso no dia-a-dia
Em casa, o cenário mais “extremo” que testei foi conectar o dispositivo da Huawei ao smartphone, tocando músicas do Spotify via speaker. O comando de play/pause e avançar/retroceder música funcionou sem falhas, o que foi bem prático para quando estava no mesmo cômodo do speaker e não queria pegar no celular. O mesmo funciona em uma situação onde você se encontra na piscina com o relógio, ouvindo música com um alto-falante Bluetooth na beirada (pode controlar a música sem sair da água). O modo “Encontrar celular” é bem humorado. Ao ativar, você ouve um aviso sonoro (sino) seguido de uma voz feminina chamando “I’m here!” (“estou aqui”), direto no smartphone. Com os que costumam perder o celular em casa, pode ser uma função útil. Admito uma surpresa ao procurar pelos tipos de treinos disponíveis: fui surpreendido por um speaker integrado. Ele até toca músicas do próprio GT 2, só não vale pensar que a qualidade e experiência serão excelentes (pelo menos, não sem fones). Há 2,2 Gb de espaço interno, que se torna útil ao pareá-lo com um fone Bluetooth para ouvir música, sem precisar de um celular. O player interno funciona razoavelmente bem, com delay entre play/pause notável, mas não ao ponto de incomodar. Para você ter ideia, 2 Gb equivale a mais ou menos 500 músicas (128 Kbps) na métrica padrão de 3-5 minutos – que pode te deixar entretido por mais de 30 horas. O Bluetooth encontra qualquer alto-falante (encontrou até minha smart TV!), o que não restringe a apenas earbuds, mesmo que a fabricante chinesa obviamente recomende o FreeBuds 3, produto “da casa”. Outro destaque que merece ser citado é a possibilidade de receber e fazer ligações direto do relógio, graças ao speaker e o microfone integrados. No app, você adiciona um contato à sua agenda e ele irá direto para o GT 2, o que é ótimo, pois sincronizar com a agenda completa de contatos do celular pode não ser tão prazeroso. Depois de acostumar à rotina de “ficar ligado” nas minhas atividades, comecei a notar uma simples restrição de navegação. A interface ainda continua excelente, porém um simples atalho poderia ser melhorado. Em todas as telas principais (só com touch, sem ativar os sub-menus do botão superior) você não pode dar um swipe de baixo para cima, na intenção de checar informações adicionais de cada tela. Por exemplo: na tela “registro de atividade“, ele mostra uma versão minimalista do registro de atividades real. Na versão “completa”, acessada com o botão lateral, há como checar calorias perdidas, distância percorrida, média de passos dados, horas/minutos de atividade com média semanal. O atalho realmente é só uma forma rápida de verificar seus status. Por isso, você precisa apertar o botão superior, descer a lista de itens até o “registro de atividades” e selecioná-lo para abrir a mesma janela, com a única diferença de (agora) você poder checar todas as infos. Ela é quase idêntica. Custava fazer um simples swipe, Huawei?
Uso para atividades físicas
A customização de treinos é com certeza o maior destaque ao tratarmos das funções esportivas do GT 2. Em cada preset, que mostramos no gif abaixo, você pode clicar na engrenagem lateral e configurar uma meta (distância, tempo ou calorias queimadas) e lembretes (intervalo de distância/tempo), bem como uma função “efeitos de treinamento” cujo ícone é um bíceps flexionado, o que já dá uma boa pista do nível de empenho que ele necessita, quando ativado. Os lembretes são nada menos que avisos sonoros ocasionais, com uma voz masculina (em inglês) um pouco robótica – mas não é nada se comparado às assistentes virtuais da atualidade. Dependendo do que você ativar nas configurações, ele dará avisos sobre a distância e frequência cardíaca de forma bem específica. Se o treino for focado em um certo objetivo, ele te dirá “sua taxa está abaixo da média, pegue no ritmo” ou algo parecido, sendo um tanto motivador. Selecionando o treino em si com um toque sobre o nome/ícone, você deve pressionar o botão inferior para iniciá-lo. O toque mecânico dá um feedback interessante para a proposta touch, pois assim você não consegue iniciar um treino “sem querer”, principalmente caso deixe a tela ligada. Na própria aplicação do treino, há uma série de telas. No caso de uma caminhada, ele mostra frequência cardíaca, tempo decorrido, o tal “efeitos de treinamento” citado acima (treino aeróbico, como referência de seus treinos anteriores), passo, cadência, entre outros. Você pode ver o horário em todas as telas, o que é muito bem pensado da parte de design. Ao finalizar o treino, há informações completas: data/horário, distância, duração, calorias queimadas, velocidade e ritmo médios, passos dados, cadência de passos, frequência cardíaca e mais alguns outros. No smartphone, você pode ver o status de corrida, mostrando o mapa de trajeto, o que é bem bacana (e instagramável!), bem como dezenas de rastreadores que podem ser do seu interesse a longo prazo. Houve somente um problema: em três dos cinco testes de treino, ao deslizar e checar informações extras no decorrer da atividade, a tela travou no meio do caminho entre os swipes (com números cortados no topo e na base do visor). Mesmo bloqueando a tela, pausando e procedendo o treino, o erro insistia em continuar. A solução foi encerrar o treino, com nenhum outro problema na navegação acontecendo no menu principal, e reiniciá-lo.
Evolução do Huawei Watch GT?
A versão anterior, lançada internacionalmente no final de 2018, demorou um bom tempo para chegar à terras brasileiras. Felizmente, seu sucessor chegou apenas poucos meses após ele ir aos mercados gringos. Porém, vale o questionamento: compensa fazer a troca? Abaixo, listamos as diferenças entre as duas versões. Evoluções do GT 2:
Pode atender e fazer ligações;Pode controlar o volume das músicas com player próprio;Speaker integrado;Há a função “always on display“, podendo ficar com a tela ligada por até 20 minutos;Maior memória interna (mais de 2 Gb de música);Bluetooth 5.1 (conexão de fones de ouvido);Novas funções de treino, lazer e customização;Design mais unificado entre tela e revestimento;
Mais do mesmo:
Bateria ainda pode tranquilamente durar quatro semanas, se você levar em conta o uso moderado e a ativação regulada dos rastreadores;Mesmo tipo de pulseira cambiável;Conexão com aplicativo Huawei Health, no smartphone;Os aplicativos internos e rastreadores funcionam virtualmente da mesma forma;GPS funciona de maneira razoável em diferentes condições;Navegação pelos botões físicos e pelo touch é bem similar;
Ausências (ainda):
Não pode controlar o volume do celular;Não roda apps de terceiros, somente os internos;Não há pagamento via NFC;
Conclusão
O Huawei Watch GT 2 funciona como uma excelente porta de entrada ao mundo dos wearables, seja você um amante de caminhadas aos domingos ou um amante da sua cama quentinha – o que não deixa de ser bom, sempre que possível. As diversas funções internas e as e conexões com o seu smartphone tornam-no um parceiro perfeito para o dia-a-dia, controlando músicas e te mostrando notificações de novas mensagens. Porém, se você já tiver o primeiro GT ou um smartwatch que tenha funções similares, sinto em lhe informar que ele não vale a troca. Hoje, o primeiro GT ainda está 40% mais barato (e pode ser encontrado até pela metade do preço do sucessor). A concorrente Samsung, por exemplo, tem um smartwatch para o mesmo perfil de público, com o mesmo tamanho de tela (46mm) e melhor integração com o Android e aplicativos terceiros – por preço similar. Então, a não ser que você realmente vá utilizar o speaker integrado e as funções práticas que citamos ao longo desta review, se você já tiver um relógio inteligente creio que o câmbio seja dispensável. Mas se este for seu primeiro contato com este mundo smart, ele consegue ser um prato cheio. Você pode encontrar o Huawei Watch GT 2 em revendedores oficiais nos modelos de luxo (tela de 1,39″) por R$ 1.699 e esportivo (tela de 1,2”) por R$ 1.499.