Nesta semana, falaremos sobre a pesquisa inovadora da Universidade de São Carlos, campus Sorocaba, que utiliza enzimas de vaga-lumes para detectar anticorpos contra o novo coronavírus através de bioluminescência, utilizando espécie local do inseto. Também falaremos sobre a ponte de aço, totalmente impressa em 3D, que foi instalada em um dos canais de Amsterdam, nos Países Baixos, inaugurada pela própria rainha neerlandesa. Além disso, Anthony Bourdain, chef de cozinha, escritor e apresentador de TV ganhou documentário onde sua voz foi recriada através de deepfakes, gerando grandes discussões éticas acerca do uso da tecnologia.
Pesquisa brasileira com enzima de vaga-lumes
Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos, ou Ufscar, desenvolveram um método inovador que pode até mesmo detectar anticorpos contra o novo coronavírus em amostras. O método envolve o uso da enzima luciferase, presente em vaga-lumes nativos do Brasil, em Sorocaba, onde o campus da universidade se encontra. A luciferase, resumidamente, é responsável pelas reações que transformam energia química em energia luminosa, gerando a luz dos vaga-lumes. O inseto específico utilizado, de nome científico Amydetes vivianii, tem seu nome em homenagem a Vadim Viviani, professor da Ufscar que descobriu a espécie. Ele mesmo conta que pegaram a luciferase do vaga-lume em questão e a juntaram a uma proteína que se liga aos anticorpos via engenharia genética. As proteínas do Sars-Cov-2, causador da COVID-19, podem ser detectadas desta maneira, através do brilho emitido a partir do contato com os anticorpos. O pedido de patente para o novo método bioluminescente de detecção do novo coronavírus já foi feito, mas pesquisas ainda estão sendo feitas em relação à tecnologia. É preciso saber, por exemplo, se os anticorpos das amostras de saliva e nariz são suficientes para gerar a bioluminescência e permitir o uso em testes rápidos. O trabalho, desenvolvido no Laboratório de Bioquímica e Tecnologias Bioluminescentes da Ufscar, teve a colaboração de Paulo Lee Ho, do Instituto Butantan. O professor Viviani comenta que este é um exemplo de como pequenas espécies podem contribuir muito com nossa sociedade, e como a destruição da biodiversidade das florestas brasileiras pode impactar na ciência e nas vidas de todos.
Amsterdam ganha primeira ponte impressa em 3D do mundo
Uma ponte para pedestres feita de aço e impressa em 3D, foi criada pela empresa neerlandesa MX3D, e inaugurada no último dia 15 de julho em Amsterdam, com a presença da rainha Máxima, dos Países Baixos. A empresa colaborou com o Imperial College de Londres e o Instituto Alan Turing, também do Reino Unido. O projeto da ponte teve início em 2015, envolvendo muitos testes até chegar no estado atual. Quatro robôs construíram a ponte em seis meses, derretendo o aço (com temperaturas de 1.500°C) e usando o material para imprimir as camadas da ponte. Também foi um robô que fez a inauguração oficial, cortando a fita simbólica numa homenagem bem apropriada. Além de servir para os pedestres, a ponte também vai ajudar muito os cientistas e pesquisadores. Munida de sensores e com a ajuda de uma réplica virtual, a ponte envia dados que vão ajudar a entender como estruturas impressas em 3D se comportam com o uso diário e em vários climas. Isso deve ajudar em projetos futuros. A ponte ficará sobre o canal Oudezijds Achterburgwal, em Amsterdam, por dois anos, enquanto a antiga ponte que ocupava o local passa por reformas.
Voz de Anthony Bourdain foi recriada em deepfake
No último dia 16 de julho, um documentário sobre o chef de cozinha, escritor e apresentador de TV Anthony Bourdain foi lançado. Chamado Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain (em tradução livre, “Corredor: Um filme sobre Anthony Bourdain”), o filme foca na influência que o chef teve sobre as pessoas e o impacto que sua morte causou, em 2018, por suicídio. O inusitado é que a voz de Bourdain foi recriada por inteligência artificial, no método conhecido como deepfake, para o documentário. A utilização de deepfakes, seja de voz ou de rostos, não é novidade na mídia, mas a ética de seu uso é bastante discutida. O fato de Bourdain não ter a oportunidade de concordar com a recriação de sua voz e o fato de que o diretor do documentário, Morgan Neville, não avisa a audiência sobre quais falas são feitas por deepfake, incomodaram os fãs. Em casos anteriores, os espectadores tinham alguma dica visual ou algo do tipo para indicar a criação artificial de rostos ou vozes. Neville afirma que não houveram protestos contra o uso da tecnologia por parte da família e entes queridos de Bourdain, além do fato de que todas as falas recriadas vêm de e-mails e outros escritos do chef. A viúva do chef, no entanto, Ottavia Bourdain, afirmou que nunca disse que Bourdain aprovaria o uso de sua voz sendo recriada; ela mesma apenas não se mostrou avessa ao uso, mas não sabia que isso bastaria para que o diretor utilizasse o recurso. As discussões sobre o uso de deepfakes têm crescido por conta do documentário, e o diretor afirma que a tecnologia incomoda mais por conta de sua novidade do que pelas questões éticas – ele comparou o uso da tecnologia às leituras de poemas de combatentes em documentários sobre a Guerra de Secessão Americana, por exemplo, caso em que ninguém protesta quando da atuação de terceiros em relação às palavras de outras pessoas. Como a aceitação deste uso da tecnologia irá progredir, só o futuro dirá. E esse foi o Showmetech TRIO desta semana! Continue visitando o site para mais notícias do mundo da tecnologia, incluindo outros posts falando sobre o uso de deepfakes. Fontes: Veja Saúde | Fapesp | Tech Crunch | The New Yorker | Interesting Engineering | Imperial College London