Os casos de uma “síndrome desconhecida”
Desde o início do ano e, principalmente, desde a chegada de Joe Biden à presidência dos EUA, dezenas de diplomatas e agentes de inteligência relataram sintomas de pressão, dores de cabeça, visão comprometida e tontura nos últimos meses. Os funcionários da Embaixada já receberam o devido tratamento médico e um deles retornou ao país. O Departamento de Estado ainda comunicou a criação de uma força-tarefa composta de médicos para monitorar a evolução de casos ao redor do mundo, chegando a criar um sistema de testes. Na verdade, a Síndrome de Havana já acometeu pessoas na Rússia, China e no fim de 2020 chegou a ser reportada próxima à Casa Branca. Além disso, outro caso ocorreu em Berlim recentemente, destacando uma recorrência principal no continente europeu e Ásia Central, mas o governo estadunidense afirma que todos os continentes, com exceção da Antártida, tem a possibilidade de serem atingidos. É importante notar que a grande maioria dos incidentes envolvem pessoas do alto escalão do governo dos EUA, como oficiais da CIA, do Departamento de Estado, Departamento de Defesa e alguns agentes do FBI da ativa e ate mesmo oficiais aposentados. Um porta-voz do FBI comunicou que não pode negar ou afirmar a existência de investigações específicas sobre os casos, mas salientou que o governo almeja continuar assegurando o bem-estar dos funcionários públicos, ao passo que qualquer empregado que veio a experimentar alguns dos sintomas da Síndrome de Havana será devidamente tratado por equipes médicas competentes. No entanto, um grande número de funcionários do governo americano não se sentem confortáveis a respeito da situação e acreditam que as entidades responsáveis por averiguar as causas e motivos não estão agindo com a eficiência e seriedade que a situação exige. O diretor da CIA, William Burns, também se posicionou a respeito da crise e requisitou mais esforços da inteligência para determinar as causas do incidente. Há um mês, Antony Blinken, secretário de Estados dos Estados Unidos solicitou que mais esforços fossem realizados para combater a misteriosa “doença”.
A importância de Viena
Também conhecida como a capital da música clássica, Viena não fica apenas no repertório cultural e atua como um importante polo de negócios na Europa, abrigando centenas de diplomatas e a ONU. Ataques coordenados à Embaixada dos EUA no país representam forte indícios de um esquema de espionagem derivado em Cuba. A capital austríaca também sediou importantes movimentos de espionagem durante a Guerra Fria e atualmente contempla um conjunto de negociações entre os EUA e Irã na tentativa de reaver um acordo nuclear entre ambos os países.
A Síndrome de Havana
A Síndrome de Havana teve seus primeiros casos registrados na capital de Cuba, entre 2016 e 2017, dando origem ao nome. Na época, cerca de 40 diplomatas estadunidenses experimentaram sensações e sintomas de tontura, enxaqueca, pressão na cabeça e algum tipo de ruído agudo. Com o passar dos anos, mais incidentes como esse começaram a ser registrados em cúpulas do governo, originando uma série de estudos que relacionam os ataques com a emissão de radiação de microondas direcionada. Embora tenha acontecido em Cuba, velha “inimiga” do Tio Sam, os Estados Unidos não apontam diretamente a ilha como responsável pelos casos, mas assume a postura de que está lidando com uma ação adversária feita de modo intencional. Um pesquisa realizada em 2019 apontou que os funcionários que sofreram algum tipo de sintoma pela síndrome também passaram por algum tipo de anormalidade cerebral, mas respostas concretas a respeito de danos ainda são, em grande maioria, inconclusivas. A possibilidade da Rússia ser responsável pelos incidentes também não foi descartada, mas é possível que Biden queira continuar realizando sua política de boa vizinhança com Putin, sem ameaças diretas ao país. Em 2019, os russos revelaram uma arma não letal de caráter alucinógeno, o sistema Filin 5P-42. Embora não hajam provas concretas, o governo americano parece estar de mãos atadas para a situação e é possível que ataques da Síndrome de Havana venham a ocorrer no futuro. Fontes: The New Yorker, Yahoo! News, BBC e CNN USA