Além de tratar da extensão dos termos de uso dos apps mais populares do momento, a pesquisa também ressaltou o crescimento do mercado: em 2019, os usuários de smartphones baixaram mais de 204 bilhões de aplicativos – 26 vezes a população da terra – além de gastarem mais de 93 bilhões de libras (algo em torno de R$ 640 bilhões) fazendo isso. Em 2020, esse número de downloads cresceu 40%, em boa parte, acredita-se, devido às medidas de distanciamento social.

Em razão desse crescimento estrondoso em uso e receita, a instituição revela que decidiu investigar as permissões que os aplicativos exigem em seus termos e condições. O objetivo do levantamento foi apontar as permissões mais danosas aos usuários. No relatório que revela as conclusões da pesquisa, a instituição também deu dicas de como decidir se devemos, ou não, conceder a um determinado app o acesso às nossas informações pessoais. Além dos dados acima, a britânica thinkmoney também constatou, a partir de dados da Comissão Europeia, que 90% dos britânicos aceitam os termos e condições de aplicativos sem lê-los. Numa pesquisa similar, a empresa de auditoria Deloitte corroborou esses dados, verificando que 91% dos norte-americanos também não leem políticas de uso e privacidade. Entre os jovens estadunidenses, a situação consegue ser pior, já que 97% deles fazem o mesmo. Ao tentar responder por que as pessoas agem de tal maneira, a pesquisa chegou à esperada conclusão de que os termos e condições são extensos demais pra qualquer um lê-los. Além disso, bastou uma rápida olhada para notar que eles também são complexos – escritos de forma técnica, genérica e ambígua, a fim de que o usuário não entenda e nem se interesse pelo seu conteúdo. Abaixo, confira quanto tempo, em média, uma pessoa levaria para ler os termos e condições dos 13 apps mais baixados do Reino Unido – e que também são alguns dos mais populares no Brasil. À direita, também é mostrado o total de palavras que os termos e condições de cada app possui:

Surpreendente, né? Bem, mais surpreendente que isso é notar que, para ler os termos e condições de todos os apps acima, uma pessoa levaria 17 horas – todo o período disponível de seu dia, considerando que esse alguém irá dormir nas 7 horas restantes. Ao todo, as políticas de privacidade acima somam 128 mil palavras, 30 mil a mais que o livro O Hobbit, de J. R. R. Tolkien e três vezes mais que um livro de literatura mediano em número de páginas. Considerando que a duração média de um vídeo do TikTok é de 15,6 segundos, daria pra ver 370 deles na 1 hora e 33 minutos que você gastaria para ler a política do aplicativo. Outro fator que chamou a atenção dos pesquisadores é que a segunda maior política de uso é de um jogo e não de uma rede social: com 14.189 palavras, os termos e condições do game Candy Crush são maiores que os de apps como Facebook, Instagram e Messenger. No caso desses últimos, inclusive, os termos são maiores que a maioria dos TCCs dos estudantes britânicos.

‘Precisamos acessar sua câmera e microfone’

Ao checar o conteúdo dos termos e condições dos aplicativos analisados, a thinkmoney também constatou que 92% deles pedem acesso à câmera e às fotos guardadas no celular, bem como pedem acesso ao microfone. Isso, por si só, não é tão alarmante, já que a maioria dos aplicativos são redes sociais e, logo, precisam ter acesso a esses itens para permitir postagens. Ainda assim, o estudo ressalta a importância de conhecer quais permissões cada aplicativo pede ao seu celular, visto que, em versões mais antigas do iOS e Android, tais acessos podem ser utilizados de forma maliciosa. Até pouco tempo atrás, aponta o relatório da pesquisa, aplicativos que tinham acesso à câmera no iOS, por exemplo, podiam tirar fotos sem o conhecimento do usuário. A partir do iOS 13, lançado em 2019, essa brecha foi fechada – o que também indica a importância de manter o SO do smartphone atualizado. Ainda sobre as permissões, a thinkmoney constatou que 62% dos aplicativos analisados pedem acesso à localização do usuário. Igualmente, o relatório aponta que, embora esse acesso também seja necessário para a execução de diversas funcionalidades que interessam ao usuário, uma vez que se concede a um app a permissão para acessar sua localização, o usuário permite que o software faça uma lista dos lugares onde ele esteve. Na imagem abaixo, confira a quantidade de permissões que cada aplicativo estudado pela thinkmoney pede ao usuário:

Numa forma de conscientizar os internautas britânicos, a thinkmoney afirma que o mais importante não é deixar de usar essas redes sociais só por causa das permissões que elas solicitam – ou por causa de seus termos e condições intencionalmente confusos. Para a empresa, o essencial é que os usuários saibam o que estão aceitando ao se cadastrar num aplicativo, visto que o impacto de se conceder a um app acesso à informações pessoais nem sempre é compreendido com a profundidade devida. Na maioria dos casos, os usuários não têm ideia de como dar acesso à sua lista de contatos para um app desconhecido pode colocá-los em risco, ainda que num futuro distante. Para evitar esse tipo de ‘cilada’, a empresa recomenda que os usuários, ao se depararem com um app pedindo para acessar a câmera ou outras informações, reflitam se aquela permissão realmente faz sentido para o uso que fazem do app, bem como se faz sentido aquele aplicativo estar solicitando tal acesso. Mesmo que seja razoável o Facebook pedir acesso à sua câmera, visto que há uma ferramenta dentro do app para tirar e publicar fotos, você não precisa aceitar essa permissão caso não use essa ferramenta. A mesma dica também é útil para outros aplicativos e permissões: você só precisa autorizar que um app tenha acesso à sua localização caso vá utilizar a funcionalidade decorrente desse acesso. Permitir que o Instagram saiba onde você está só é útil se você utiliza marcações de local em suas fotos, por exemplo. E você, gostou do estudo e das dicas levantadas pela thinkmoney sobre os termos e condições dos apps citados? Se você se preocupa com a forma como seus dados são tratados, precisa conferir nossa seleção com 8 aplicativos que te ajudarão a controlar melhor sua privacidade e segurança nas redes. Com informações de: PC Magazine, Statista, thinkmoney, Business Insider

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